Você só terá um louco por perto o dia que se apaixonar por um.
O estado mais pontífice da loucura de alguém, pode ser sua busca insana pela sanidade.
O louco gosta de ser louco até que sua loucura deixe de ser comum.
O louco tenta ser algo, tenta conquistar algo, não se contentando nunca com o que tem, nunca chegando sequer a se contentar com algo.
A loucura tem seu ponto culminante cada vez mais encravado do cérebro do louco a cada vez que ele tenta retirá-la.
O louco é de alguma forma visível a olho nu.
Ele se balança de um lado para o outro, enquanto todos estão parados.
Ele se balança internamente, pode ser que ninguém veja.
É obscuro tentar infiltrar-se na vida de um louco.
Quanto mais você se aproxima, mais você tem medo.
Aquela risada esquizofrênica que mais expressa o nervosismo de tentar explicar algo incompreensível para si.
O louco se isola, para que não percebam o que ele está tentando fazer.
Quem se aproxima sente o cheiro da névoa que se forma ao redor de um louco.
O louco é anormal seja qual for sua loucura.
O louco ouve vozes e suas mãos vão aos ouvidos tentando tapar-se de seu próprio demônio.
Mas o que é realístico não transcende a aura da loucura.
O louco cria outros medos, à procura de um que seja maior do que o medo de si mesmo.
O louco escreve e não consegue ler.
O louco é cego de tudo o que se pode ver.
O louco nasce e ele já é louco.
Porque o louco é o que pensa.
O louco não permite que ninguém o oprima mais do que ele mesmo.
O louco é o visionário.
O louco dá vida aos sonhos.
Ele é aquele frio na barriga.
O louco vai despertar em você uma afeição, um sorriso.
Sempre um sorriso.
Ele sorri também, mas sorri de reflexo.
Pois o mundo nunca vai conhecer um sorriso verdadeiro até que todos sejam loucos.
- Lua Cunha