Oito horas. Hora da poesia. Essa noite trago no meu bolso, uma crônica. Uma crônica policial. Pra combinar com esse carnaval. Uma história não muito bacana. Senhoras e senhores, com vocês, Mario Quintana <3
Pequena Crônica Policial
Jazia no chão, sem vida
E estava toda pintada!
Nem a morte lhe emprestara
A sua grave beleza...
Com fria curiosidade,
Vinha gente a espiar-lhe a cara,
As fundas marcas da idade,
Das canseiras, da bebida...
Triste da mulher perdida
Que um marinheiro esfaqueara!
Vieram uns homens de branco,
Foi levada, ao necrotério.
E quando abriam, na mesa,
O seu corpo sem mistério
Que linda e alegre menina
Entrou correndo no Céu?!
Lá continuou como era
Antes que o mundo lhe desse
A sua maldita sina:
Sem nada saber da vida,
De vícios ou de perigos,
Sem nada saber de nada...
Com a sua trança comprida,
Os seus sonhos de menina
Os seus sapatos antigos!