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Eu cresci


Cresce! – ela disse olhando no fundo dos meus olhos, e aquelas palavras escorreram pelo meu corpo em forma de arrepio. Ela conseguia chegar nos lugares mais profundos de mim, sejam eles bons ou ruins. Mas dessa vez era diferente, era a ultima vez em que eu a via caminhar vagarosamente em minhas fantasias, essas foram suas ultimas palavras. Demoraram um pouco para serem esquecidas, mas foram as ultimas. E depois de um tempo eu passei a agradece-la e perdoei quando ela jogou umas verdades na minha cara, talvez ela estivesse certa eu precisava crescer. Confesso que pensei umas vezes em mata-la, seduzi-la, ou sequestra-la, mas eu não sou inteligente o bastante para fazer uma coisa dessas. Na certa acabaria preso. Sabe, demora um pouco mas um dia a gente cresce, e minha história com Alice é uma crescente interminável de descobertas. Não que seja amigável, mas algumas pessoas passam pela nossa vida e nos ensinam um bando de coisas. E o que ela me ensinou foi um breve exemplar de “Como Ser Trouxa”. Depois disso vinha o passo-a-passo, e logo em seguida o prefácio do módulo 2. A Alice me entregou em primeiríssima mão a primeira temporada da série “Ciúmes Ridículos de Fim de Tarde” - é uma boa confesso, finalizei muitos jogos de vídeo game nas noites em que eu passava em claro. Além disso, vinha mensalmente o combo TPM que antecipava horas de cafuné naquele cabelo encaracolado. Mas vejam só, com isso me tornei mais paciente, me tornei um romântico de primeira, aprendi a fazer chá e massagem para cólica. Arrumei até um emprego. Levei um belo pé na bunda, e estamos aí. Crescer tem dessas, e não só dessas. Muitas outras bem piores. Não pense que esse foi o único toco que eu levei nem que esse foi o pior momento da minha vida. Mas essa foi sem dúvida a mais emocionante, ela disse “cresce!” e eu cresci. Obrigada Alice, meu amor.


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