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O amor é o fogo que arde sem se ver


Muitas pessoas conhecem esse soneto do grande Camões pela intertextualidade que tem com a música Monte Castelo do Legião Urbana. Como eu disse no post sobre os livros que eu comprei na feira do livro, comprei um chamado Sonetos de Camões e quando estava lendo me deparei com essa poesia maravilhosa e tão conhecida.

O que eu acho mais incrível é a contrariedade das ideias com que o poeta expressa os sentimentos do amor como uma coisa contraditória e impossível de se compreender. Algo não muito racional como em "é ferida que dói e não se sente;/ é um contentamento descontente" e mesmo assim define completamente o mais profundo do que é o amor, "é querer estar preso por vontade". O que nos prova mais uma vez que o amor é imutável, que ele será sempre o lado tão confuso e tão simples da vida.

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

é solitário andar por entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter, com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões


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