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Para ler como um escritor

Ei amigos, terminei hoje o livro "Para ler como escritor" da Francine Prose que é best-seller e livro notável do New York Times e como sempre vim aqui resenhar pra vocês. Confesso que demorei um pouquinho pra me acostumar com o "close reading" que a autora propõe, que significa basicamente uma leitura atenta e pausada prestando atenção na escolha de palavras, nas frases, nas pontuações, ou seja ler como um escritor.

Diversas vezes quando eu estava lendo na escola me perguntaram o que é ler como um escritor, essa resposta foi, de uma forma gradativa, se formando ao longo da leitura do livro e hoje entendo que ler como escritor é ler pensando no próprio escritor, como ele fez aquilo, pensando nas estratégias que ele usou pra fazer aquele texto, formular as frases, corrigir, refazer, para finalmente dizer que está pronto.

É principalmente perceber que o material mais valioso que temos para seguir o caminho de um escritor é sua própria obra, com suas individualidades. É reparar nas mínimas coisas aprendendo com a própria leitura. Dessa forma Francine vai tecendo uma teia, nos mostrando como fazer isso e nos dando vários exemplos.

Prose é crítica e ensaísta respeitada, e foi professora de literatura e criação literária por mais de 20 anos em universidades como Harvard, Columbia e Iowa. Então, não é de se duvidar que o livro é muuuuito bom. Além de essa edição brasileira ter um acréscimo do Italo Moriconi.

Então vamos para os capítulos... Eu, claro, fiz várias anotações e grifei muitas partes que eu achei interessantes do livro pra fazer esse post aqui

e também pra usar no meu trabalho de TCC na escola.

O livro começa falando sobre close reading. Nos mostra como fazer a leitura atenta e já nos prepara para a série de super autores que veremos no resto do livro. Prose mostra que você pode ser simples e dizer tudo em "Palavras". Que apenas uma palavra classifica um personagem, uma cena, uma história. O que me fez rever meus textos e reparar em quantas outras palavras poderiam se encaixar melhor naquela frase ou parágrafo. Em "frases" separei uma passagem bem legal de Hemingway em "Paris é uma festa":

Depois de todos os ensinamentos ela continua a nos mostrar que a escrita não tem limites e que você pode escrever o que quiser, porém com qualidade e uma leitura crítica do que você produziu. Assim a autora consegue mostrar os vários tipos de se escrever, com frases curtas, longas, detalhadas, simples, etc...

Em "Parágrafos" gostei da parte como diz que parágrafos são respirações, eu realmente não sabia muito bem como sintetizar um parágrafo ou dividi-lo até ler esse livro. Parágrafos têm início, meio e fim - que deixa um gostinho de quero mais, uma reticências para o próximo.

Em "Narração" e "Personagem" é impossível não reparar na conexão que temos que ter com autores de renome para ser um autor de renome, e foi nessa parte do livro que eu entendi a importância disso, pois é perceptível a diferença de momentos, de descrições, de criatividade que é exposto em livros que atravessaram anos encantando leitores. E foi aí que eu reparei com total perplexidade como se diferencia uma boa obra, de uma obra mal feita.

Já em "Diálogo", "Detalhes" e "Gestos" pode se perceber a importância de pensar no leitor, ou seja, no que o leitor vai entender disso, e prender o seu leitor na sua narrativa. Essa parte foi muito importante para mim que nunca tinha prestado atenção nas entrelinhas, no que estava no subconsciente de um texto. A ideia de que não é necessário dizer absolutamente tudo com a intenção de tornar um romance mais mágico é muito importante. O olhar, o detalhe na roupa, a fumaça do cigarro, etc. são elementos que fazem toda diferença, por que você não diz o que o leitor já sabe, você afirma o que ele supõe.

Os dois últimos capítulos "Aprender com Tchekhov" e "Ler em busca de coragem" deram ao livro o desfecho perfeito, e o final triunfal que nos dá aquela ânsia de querer produzir, trabalhar e escrever.

“Quando pensamos quantas coisas aterrorizantes as pessoas são chamadas a fazer todos os dias ao combater incêndios, defender seus direitos, realizar cirurgias no cérebro, dar à luz, dirigir na via expressa e lavar janelas de arranha-céus, parece frívolo, comodista, e presunçoso falar sobre escrever como um ato que requer coragem. O que poderia ser mais seguro do que estar sentado à sua escrivaninha, batendo de leve em algumas teclas, empurrando sua cadeira para trás e fazendo uma pausa para contemplar o maravilhoso bocado de arte que seu cérebro produziu para diverti-lo?

No entanto, a maioria das pessoas que tenta escrever experimenta não só necessidade de coragem como desalento, à medida que as consequências reais ou imaginárias – falhas e humilhações, exposição e inadequação – dançam diante de seus olhos através da tela ou da página vazia. O medo de escrever mal, de revelar algo que gostaríamos de manter oculto, de cair no conceito dos outros, de viola nossos próprios padrões elevados, ou de descobrir algo sobre nós mesmos que preferiríamos ignorar são apensas alguns dos fantasmas amedrontadores o suficiente para levar o escritor a se perguntar de não haveria emprego disponível como lavador de janelas de arranha-céus.”

A primeira coisa que fiz foi dar uma olhada na internet na lista de livros que ela selecionou, e depois na lista dos "nossos" brasileirinhos. Fiquei muito feliz em já ter lido dois dos livros da lista que o Italo Moriconi selecionou ( O Cortiço e Dom Casmurro) mas já vou comprar os outros. :)

Galera, espero que tenham gostado do post, é um livro que super indico. Adorei! Me levou a uma experiencia incrível.

Obrigada pelo carinho


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